Em
audiência concedida ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o
presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, afirmou que marcou para
o dia 26 de junho a votação, em primeiro turno, da Proposta de Emenda à
Constituição 37/11, que limita o poder de investigação do Ministério Público.
Gurgel, acompanhado de procuradores-gerais representantes de ministérios
públicos ibero-americanos, entregou aos presidentes da Câmara e do Senado,
Renan Calheiros, nota técnica contrária à proposta.
Henrique
Alves explicou aos procuradores que criou, em conjunto com o ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, um grupo de trabalho com delegados de polícia,
integrantes do Ministério Público e parlamentares para chegar a um texto de
consenso que permita a votação sem um clima de disputa no Congresso. "Um
tema como esses, pela sua importância, não pode ter vencedores ou
vencidos", afirmou.
O
presidente informou aos presentes que o prazo original dado aos integrantes do
grupo de trabalho acabaria nesta quinta-feira, mas que, em acordo com o
ministro Cardozo, foram dadas mais duas semanas para que possam acertar as
últimas questões. "A votação está marcada para o dia 26. O ideal é que
possam apresentar a proposta na semana anterior aos líderes", disse
Henrique Alves.
Opinião
Segundo
Gurgel, a aprovação da PEC significaria um "retrocesso" e preocupa
não só ao Brasil, mas a outros países. "Em um mundo globalizado, o crime
desconhece fronteiras. Por isso, se o Ministério Público de um determinado país
é enfraquecido, a própria persecução penal na região se enfraquece
globalmente", disse Gurgel.
Entre
os procuradores-gerais que acompanharam Gurgel, a portuguesa Joana Marques
Vidal disse que o Ministério Público é essencial na luta contra a
criminalidade. "Em Portugal, todas as investigações, mesmo aquelas que são
feitas pelas polícias, estão sob a direção do Ministério Público",
observou.
O
texto original da PEC, do deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA), deixa explícito
que o Ministério Público não pode conduzir a investigação criminal e só pode
atuar como titular da ação penal, restando a ele solicitar ações durante o
inquérito policial. Delegados e promotores divergem sobre o assunto e um grupo
de trabalho tenta chegar a um texto de consenso. A proposta foi aprovada em
comissão especial, em novembro do ano passado, e manteve as restrições à
investigação do MP.
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